MONTANHAS IBÉRICAS

Neste Blog partilho com os leitores a minha paixão pelas Montanhas Ibéricas, lugares únicos, cada vez mais raros, onde a beleza das paisagens, a preservação dos ecossistemas e a utilização sustentável pelo homem se unem de uma forma harmoniosa e equilibrada.

01 abril 2006

SOMIEDO VISTO DO CÉU

Publicada por Paulo Almeida Santos


Quem entra no Parque Natural de Somiedo por sul, encontra a isolada aldeia de Santa Maria del Puerto, a mais alta deste Espaço Natural, a quase 1500 m de altitude.
Habitada maioritariamente por "vaqueros de alzada", as suas gentes desde há muito se habituaram a sobreviver às agruras do clima e a vencer as abruptas formas de relevo que os rodeiam.
Já a própria palavra Somiedo (derivada de Sumetum, país de montanhas elevadas), faz alusão à orografia agreste destes domínios, onde cerca de 80% do seu território possui uma pendente com mais de 30% e, mais de metade, se situa acima dos 1200 m de altitude!

O pico El Putracón, a quase 2000 m de altitude, constitui um dos miradouros mais privilegiados sobre esta Área Natural, permitindo uma vista bastante abrangente, colocando-nos na cabeceira do Vale do Rio Somiedo, em pleno coração do Paque Natural.
Partindo da aldeia de Santa Maria del Puerto encontramos um trilho bem marcado, em direcção sul-norte, que discorre por entre prados de altitude e que nos permite vencer em cerca de 2 h os 500 m verticais que separam a aldeia do cume.

Mapa da caminhada

A vista do cume é simplesmente arrebatadora!
Logo à partida ficamos impressionados pela face norte da montanha, uma escarpa vertical de forma triangular, que protege a pacata aldeia de Llamardal, 500 m abaixo...

Vista da face norte do El Putracón

E ali ficamos, como que suspensos, envolvidos por uma paisagem harmoniosa, que inspira paz e tranquilidade para onde quer que olhemos...
As pitorescas aldeias do fundo do vale, bem conservadas e ordenadas, são o único elemento que nos faz lembrar a presença humana nestes domínios praticamente intocados há milhões e milhões de anos.
Tudo o resto é verdadeiramente selvagem!
Os bosques fervilham de vida e cor...
Os prados verdejantes esperam o crepúsculo para serem povoados por grupos de herbívoros famintos, que esperaram pacientemente por uma refeição durante todo o dia, ao abrigo da copa das faias...
Acompanhada pelas duas pequenas crias nascidas no passado inverno, a protectora mãe ursa dirige-se pela terceira noite consecutiva às colmeias da aldeia de Llamardal onde vai proporcionar uma guloseima aos jovens ursídeos...
Mais acima, percorrendo os altos cordais montanhosos, a alcateia cessa os rituais sociais do dia e prepara-se para mais uma caçada mortífera...

E assim decorre a vida neste verdadeiro paraiso asturiano....

Vista do cume para Noroeste

Vista do cume para Norte