MONTANHAS IBÉRICAS

Neste Blog partilho com os leitores a minha paixão pelas Montanhas Ibéricas, lugares únicos, cada vez mais raros, onde a beleza das paisagens, a preservação dos ecossistemas e a utilização sustentável pelo homem se unem de uma forma harmoniosa e equilibrada.

23 maio 2006

PARQUE NACIONAL DE AIGUESTORTES I ESTANY DE SANT MAURICI

Publicada por Paulo Almeida Santos


O Parque Nacional de Aiguestortes i Estany de Sant Maurici, localizado na região norocidental do Pirinéu Catalão, constitui uma das mais espectaculares representações da acção dos glaciares quaternários na orografia Ibérica.
A sua constituição aconteceu no dia 21 de Outubro de 1955, tendo sido o segundo parque pirenaico a receber o título de “Parque Nacional”, logo a seguir ao famoso Parque Nacional de Ordesa e Monte Perdido.
Com uma área aproximada de 40000 hectares, o elemento mais característico deste Espaço Natural é, sem dúvida, a Água!
Durante os diversos períodos glaciares, grandes massas de gelo ocuparam todos estes vales, levando a uma erosão intensa, a qual foi moldando a paisagem até esta adquirir o aspecto actual. Aqui podemos contemplar um número significativo de indícios desta acção glaciar, nomeadamente vales em U, circos e mais de duas centenas de lagos, denominados “estanys”, os quais ocupam a totalidade da área do Parque, constituindo, sem dúvida, a mais importante área lacustre dos Pirinéus. Para além dos lagos, existe um outro fenómeno ligado ao mundo aquático que é característico destas paragens. Refiro-me às denominadas Aiguestortes, autênticas plataformas localizadas no fundo dos vales, onde as águas dos rios, originalmente revoltas, se suavizam, dividindo-se em múltiplos canais que se entrecruzam, formando autênticos meandros, separados por pequenas ilhotas cobertas de musgos, turfeiras e várias espécies arbóreas.
Reflectindo-se nas águas límpidas e azuladas dos lagos, as silhuetas escarpadas dos cumes, com vários roçando os 3000 m de altitude, dão à paisagem um toque de grandiosidade e inacessibilidade.
A estes contrastes orográficos correspondem necessariamente diferentes áreas bioclimáticas, responsáveis pela grande riqueza e diversidade da fauna e flora destas montanhas. Aqui habitam espécies tão importantes como a lontra (Lutra lutra), a camurça (Rupicabra rupicabra), o galo-montês (Tetrao urogallus), o Pica-pau-negro (Dryocopus martius), a Águia-Real (Aquila chrysaetos) e o gigante Quebra-ossos (Gypaetos barbatus). O coberto vegetal é riquíssimo, com importantes bosques de abetos, pinheiro-negro e faia.
Trata-se, na verdade, de mais um pequeno paraíso, que representa na perfeição os valores paisagísticos e biológicos das nossas Montanhas Ibéricas!
Nos próximos posts convido o leitor a descobrir comigo alguns dos segredos mais bem guardados destas paragens…

05 maio 2006

NATUREZA EM DIRECTO (12/03/2006)

Publicada por Paulo Almeida Santos



Local - Zona montanhosa do Nordeste de Portugal
Habitat - Bosque de pinheiro-bravo e mato rasteiro
Altitude - 1100m
Espécie - Veado (Cervus elaphus)
Data - 12/03/2006
Hora - 20:05
Temperatura - +10ºC
Descrição - Observa-se o animal no limite superior da imagem, passando rapidamente da direita para a esquerda.

Nota - Para melhor entendimento do método utilizado na obtenção destas fotos, clique aqui

NATUREZA EM DIRECTO (15/02/2006)

Publicada por Paulo Almeida Santos



Local - Zona montanhosa do Nordeste de Portugal
Habitat - Bosque de pinheiro-bravo e mato rasteiro
Altitude - 1100m
Espécie - Raposa (Vulpes vulpes)
Data - 15/02/2006
Hora - 06:21
Temperatura - +3ºC
Descrição - Observa-se o animal no limite superior da imagem, já no fim do vídeo, aparentemente removendo algo do solo com os dentes e fugindo rapidamente.

NATUREZA EM DIRECTO (14/02/2006)

Publicada por Paulo Almeida Santos



Local - Zona montanhosa do Nordeste de Portugal
Habitat - Bosque de pinheiro-bravo e mato rasteiro
Altitude - 1100m
Espécie - Gineta (Genetta genetta)
Data - 14/02/2006
Hora - 18:11
Temperatura - +5ºC
Descrição - Observa-se o animal aproximando-se da câmara, desaparecendo em seguida do local.

02 maio 2006

MARTA EM PORTUGAL - HISTÓRIA DE UM RESISTENTE

Publicada por Paulo Almeida Santos

Passaram cerca de três anos desde que foi fotografada em condições naturais a primeira marta (Martes martes) em Portugal, mais concretamente no inverno de 2003...
O seu autor, Miguel Barbosa, sistematiza no seu blog Fauna Ibérica o seguimento desta frágil população ao longo de 16 longos meses, elaborando um estudo singular sobre este desconhecido mustelídeo, permitindo à comunidade em geral e, aos cientistas, em particular, um conhecimento mais profundo sobre a biologia da espécie em Portugal.
O facto de ter colaborado activamente neste trabalho levou-me, três anos depois, a uma nova prospecção do terreno, de forma a ter uma visão longitudinal da evolução da população de marta no ecossistema estudado.
Trata-se de um bosque caducifólio do noroeste português que, nos últimos anos, tem permanecido intocado, apesar das várias ameaças à sua conservação permanecerem latentes.
Dos resultados agradavelmente surpreendentes que tenho obtido, ressalto a identificação do mesmo indivíduo fotografado três anos antes no Inverno de 2003 e que motivou todo este trabalho. Aconteceu precisamente na mesma linha de água, a poucos metros do "spot" anterior, o que confirma o comportamento territorial deste ameaçado mustelídeo. A certeza desta descoberta prende-se com a análise detalhada, em vários perfis, da mancha peitoral característica da espécie.
Apesar de se tratar de uma população isolada, a presença estável da marta neste pequeno oásis, aliada às notícias recentes de uma população contígua na vizinha Espanha, deve sensibilizar-nos para a problemática da conservação deste pequeno mamífero, um dos mais representativos dos ecossistemas florestais do nosso país!

Marta (Martes martes) fotografada na noite de 2 de Janeiro de 2006