MONTANHAS IBÉRICAS

Neste Blog partilho com os leitores a minha paixão pelas Montanhas Ibéricas, lugares únicos, cada vez mais raros, onde a beleza das paisagens, a preservação dos ecossistemas e a utilização sustentável pelo homem se unem de uma forma harmoniosa e equilibrada.

05 fevereiro 2007

ALGUNS ASPECTOS SOBRE A BIOLOGIA DA MARTA

Publicada por Paulo Almeida Santos


A Marta (martes martes) é um mamífero carnívoro de porte médio pertencente à família dos mustelídeos, escolhendo como habitat extensos bosques, quer de coníferas, quer bosques caducifólios maduros, estes com mais expressão na realidade peninsular. Como tal, trata-se de um animal bastante exigente no que ao ecossistema diz respeito, ocupando zonas com alto valor biológico, onde a disponibilidade de alimento, de refúgio e a ausência de pressão humana são requisitos fundamentais. Este aspecto, aliado aos hábitos essencialmente noctívagos e ao comportamento evasivo, faz com que a marta seja um dos mamíferos menos estudados e mais misteriosos da fauna ibérica.
No que à reprodução diz respeito, sabe-se que o cio da marta tem lugar entre os meses de Junho e Agosto, altura em que vários machos se juntam para disputar a fêmea. Posteriormente, o macho vencedor leva a cabo com a fêmea uma verdadeira parada nupcial, até haver fecundação, abandonando-a em seguida. A marta irá manter os espermatozóides do macho no útero durante alguns meses, só os fecundando durante o mês de Janeiro, aquilo que em biologia se designa por implantação retardada. A gestação tem uma duração de 9 semanas. O nascimento das crias ocorre entre Março e Maio, variando o seu número entre 2 e 4. As mesmas irão estar confinadas ao covil durante os primeiros 2 meses de vida, começando a sair progressivamente a partir desta data, até iniciarem, junto da mãe, as primeiras incursões pelo território em busca de alimento. Acompanharão a progenitora até ao verão seguinte, altura em que esta entrará novamente em cio.
O uso de câmaras fotográficas activadas por sensor de movimento tem-nos ajudado nos últimos anos, de forma não invasiva e com altos índices de sensibilidade/especificidade, a compreender melhor, quer a distribuição, quer alguns aspectos da biologia deste fantástico mamífero.
Durante o passado mês de Outubro, o controlo fotográfico realizado num carvalhal maduro no noroeste peninsular, documentou a presença simultânea de duas martas em frente às câmaras, um dado inédito até então. Embora haja autores que defendam a possibilidade da existência de um “falso cio” durante o Inverno, onde o macho e a fêmea podem interagir, estas imagens retratarão, com grande probabilidade, a progenitora acompanhada da sua jovem cria, iniciando mais uma noite de caçada, em busca, quem sabe, de um imprudente rato-dos-bosques por entre a folhagem caída…


A proximidade entre os dois indivíduos é evidente



Aparentemente existe uma diferença de porte entre as duas martas


Uma das martas coloca-se de patas para o ar , como que desafiando a outra!