MONTANHAS IBÉRICAS

Neste Blog partilho com os leitores a minha paixão pelas Montanhas Ibéricas, lugares únicos, cada vez mais raros, onde a beleza das paisagens, a preservação dos ecossistemas e a utilização sustentável pelo homem se unem de uma forma harmoniosa e equilibrada.

04 agosto 2006

A RAINHA DAS ESCARPAS

Publicada por Paulo Almeida Santos



Para quem caminha nos locais mais inóspitos e agrestes das montanhas do norte peninsular, a silhueta inconfundível da camurça (Rupicapra rupicapra) torna-se presença quase constante no perfil dos majestosos picos que nos rodeiam! A origem etimológica do seu nome científico (Rupis = rocha escarpada; capra = cabra), indicia em boa medida o tipo de habitat e o comportamento ágil característicos deste mamífero.
No entanto, para além das regiões montanhosas íngremes e escarpadas, a camurça desloca-se frequentemente para zonas mais baixas (prados, florestas), especialmente nas alturas do ano em que há maior carência alimentar.
Quanto às características morfológicas, apresenta manchas contrastantes em cada lado da cabeça, estendendo-se desde as orelhas e dos olhos até à ponta do focinho. Os cornos são uma das características peculiares deste ungulado, lançados na vertical e encurvados para trás nas extremidades em forma de gancho. A pelagem de Verão é de tons castanho-claro, assumindo uma coloração mais escura e densa durante o Inverno. As pegadas têm cerca de 6x3,5 cm, com cascos bem separados, no entanto paralelos.
Em relação ao comportamento, apresenta actividade essencialmente diurna. A sua dieta inclui gramíneas, vegetação herbácea e rebentos de árvores. As fêmeas e os juvenis agregam-se em manadas até cerca de 100 indivíduos. Os machos são solitários, juntando-se às fêmeas na época do cio, durante o qual realizam uma série de marcações territoriais odoríferas e exibições com os pêlos eriçados da lista dorsal. A vocalização faz-se sob a forma de um bramido de alerta sibilante.
O acasalamento realiza-se em meados de Novembro, início de Dezembro. Os nascimentos ocorrem em Maio início de Junho, havendo normalmente uma cria por ninhada (ocasionalmente 2).
A longevidade atinge os 15-17 anos, sendo as principais causas de morte as avalanches, epidemias (cerato-conjuntivite) e a predação pelo lobo e pela águia-real (crias).
A camurça Ibérica pertence à sub-espécie Rupicapra rupicapra pyrenaica, registando-se ainda outras populações europeias importantes, nomeadamente nos Alpes, Apeninos e Tatra.
Termino este texto com algumas fotos de camurças que fui recolhendo ao longo de muitos anos de caminhadas, muitas delas seguidas de perto pelo olhar curioso, mas sempre vigilante, deste fantástico ungulado!


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