MONTANHAS IBÉRICAS

Neste Blog partilho com os leitores a minha paixão pelas Montanhas Ibéricas, lugares únicos, cada vez mais raros, onde a beleza das paisagens, a preservação dos ecossistemas e a utilização sustentável pelo homem se unem de uma forma harmoniosa e equilibrada.

22 agosto 2006

O OCASO DA PENEDA...

Publicada por Paulo Almeida Santos


A Serra da Peneda ardeu…
Este é um facto definitivamente consumado…
Grande parte desta catástrofe natural atingiu uma área importante do nosso PNPG, com danos na fauna e flora locais irreversíveis.
O que dantes era verde, agora é negro… O cheiro das flores foi anulado pelo intenso odor da madeira queimada… À vida sobrepôs-se a morte…
Jamais, durante a nossa efémera existência, voltaremos a contemplar o brilho das folhas dos azevinhos do Alto Ramiscal… Caminhar, por entre carvalhos centenários, sobre as folhas amareladas que iriam cair, certamente, no próximo Outono… Percorrer a densa Floresta do Mezio até atingir o Guidão, para aí perscrutar com os binóculos as encostas da Fonte Fria e dos Carris…
Será que, na próxima primavera, vamos poder ouvir, de novo, o uivo estridente dos jovens lobachos?
E no fim do Inverno, voltaremos a seguir os voos nupciais da águia-real no interior do vale?
Temo pelo pior…

Durante as últimas duas semanas, muito se falou acerca deste tema. Muita coisa falhou, desde o ataque inicial ao fogo até à tardia verificação das dimensões da catástrofe, passando pela preocupante descoordenação entre bombeiros, funcionários do Parque e responsáveis do ICN. O diagnóstico está feito. Todos concordam que os danos são cataclísmicos. As entidades responsáveis devem, agora, juntar esforços, para o mais rapidamente possível restaurar o equilíbrio do ecossistema que aqui existia. As soluções passarão necessariamente por uma reflorestação que respeite as espécies autóctones que caracterizam esta área geográfica, pela restituição e conservação dos valores faunísticos aqui existentes, pela total proibição das queimadas e, não menos importante, por uma eficaz vigilância levada a cabo pelos guardas do parque.

Termino este post com um conjunto de documentos fotográficos por mim recolhido ao longo de inúmeras caminhadas que realizei por estas serranias.
Espero, sinceramente, que estes não sejam as últimas…

O gado bovino bovino é uma presença constante nos prados da Peneda

Junto ao Alto do Guidão é possível contemplar uma ampla área do PNPG

Aspecto do trilho que cruza a agora destruida Floresta do Mezio

Presença de um denso giestal no vale do rio Grande, sequelas de fogos antigos

As queimadas realizadas pelos pastores constituem uma ameaça ainda presente


Exemplos de marcações territoriais realizadas pelo lobo-ibérico (Canis lupus signatus)


A poupa (Upupa epops) era uma presença constante ao longo das caminhadas

O esquilo (Sciurus vulgaris) no seu habitat natural no interior da Floresta do Mezio

A águia-real (Aquila chrysaetos) sobrevoando, imponente, os carvalhais da Peneda

Dois exemplares de lobo-ibérico (Canis lupus signatus) documentados através de controlo fotográfico automático no último dia de 2005


O esquivo e ameaçado gato-bravo (Felis silvestris), registado nas câmaras automáticas na véspera do grande incêndio. Terá sobrevivido?


Triste espectáculo terá contemplado, lá das alturas, o último exemplar de águia-real do nosso PNPG...

15 agosto 2006

NATUREZA EM DIRECTO (09/08/2006)

Publicada por Paulo Almeida Santos


Local - Zona montanhosa do Noroeste de Portugal
Habitat - Mato rasteiro e giestal
Altitude - 650m
Espécie - Vaca
Data - 09/08/2006
Hora - 01:47
Temperatura - +23ºC


Local - Zona montanhosa do Noroeste de Portugal
Habitat - Mato rasteiro e giestal
Altitude - 650m
Espécie - Raposa (Vulpes vulpes)
Data - 09/08/2006
Hora - 02:18
Temperatura - +22ºC
Descrição - O mamífero fareja tranquilamente o solo diante da câmara.


Local - Zona montanhosa do Noroeste de Portugal
Habitat - Mato rasteiro e giestal
Altitude - 650m
Espécie - Raposa (Vulpes vulpes)
Data - 09/08/2006
Hora - 02:20
Temperatura - +22ºC
Descrição - A raposa move-se lentamente em direcção à câmara.


Local - Zona montanhosa do Noroeste de Portugal
Habitat - Mato rasteiro e giestal
Altitude - 650m
Espécie - Raposa (Vulpes vulpes)
Data - 09/08/2006
Hora - 22:21
Temperatura - +22ºC
Descrição - A raposa parece ter detectado algo estranho, afastando-se em seguida do local.


Local - Zona montanhosa do Noroeste de Portugal
Habitat - Mato rasteiro e giestal
Altitude - 650m
Espécie - Gato-bravo (Felis silvestris)
Data - 09/08/2006
Hora - 04:30
Temperatura - +21ºC
Descrição - O gato-bravo pára por uns instantes diante da câmara, continuando em seguida o seu passo.
Nota - Este foi o primeiro registo de gato-bravo após vários anos de controlo fotográfico, o que, adicionando o facto de se tratar de uma espécie em regressão no nosso país (em especial no Norte) e da qual pouco se sabe, faz com que este documento tenha um valor especial!


Nota - Para melhor entendimento do método utilizado na obtenção destas fotos, clique aqui

09 agosto 2006

NATUREZA EM DIRECTO (07/08/2006)

Publicada por Paulo Almeida Santos


Local - Zona montanhosa do Noroeste de Portugal
Habitat - Mato rasteiro e giestal
Altitude - 650m
Espécie - Raposa (Vulpes vulpes)
Data - 07/08/2006
Hora - 01:39
Temperatura - +17ºC
Descrição - Observa-se uma pequena raposa, surgindo no meio da vegetação, farejando calmamente o solo enquanto se desloca da esquerda para a direita


Local - Zona montanhosa do Noroeste de Portugal
Habitat - Mato rasteiro e giestal
Altitude - 650m
Espécie - Vaca
Data - 07/08/2006
Hora - 22:38
Temperatura - +22ºC


Nota - Para melhor entendimento do método utilizado na obtenção destas fotos, clique aqui

08 agosto 2006

NATUREZA EM DIRECTO (05/08/2006)

Publicada por Paulo Almeida Santos




Local - Zona montanhosa do Noroeste de Portugal
Habitat - Mato rasteiro e giestal
Altitude - 650m
Espécie - Raposa (Vulpes vulpes)
Data - 05/08/2006
Hora - 23:26
Temperatura - +24ºC
Descrição - Observa-se uma raposa adulta no raio de acção da câmara, parecendo farejar e esgravatar o solo, afastando-se rapidamente quando vê o objecto estranho.




Local - Zona montanhosa do Noroeste de Portugal
Habitat - Mato rasteiro e giestal
Altitude - 650m
Espécie - Raposa (Vulpes vulpes)
Data - 05/08/2006
Hora - 23:31
Temperatura - +24ºC
Descrição - Observa-se uma pequena raposa (eventualmente uma cria do adulto filmado 5 minutos antes), que aparece no meio da vegetação e se afasta rapidamente do local.

Nota - Para melhor entendimento do método utilizado na obtenção destas fotos, clique aqui

04 agosto 2006

A RAINHA DAS ESCARPAS

Publicada por Paulo Almeida Santos



Para quem caminha nos locais mais inóspitos e agrestes das montanhas do norte peninsular, a silhueta inconfundível da camurça (Rupicapra rupicapra) torna-se presença quase constante no perfil dos majestosos picos que nos rodeiam! A origem etimológica do seu nome científico (Rupis = rocha escarpada; capra = cabra), indicia em boa medida o tipo de habitat e o comportamento ágil característicos deste mamífero.
No entanto, para além das regiões montanhosas íngremes e escarpadas, a camurça desloca-se frequentemente para zonas mais baixas (prados, florestas), especialmente nas alturas do ano em que há maior carência alimentar.
Quanto às características morfológicas, apresenta manchas contrastantes em cada lado da cabeça, estendendo-se desde as orelhas e dos olhos até à ponta do focinho. Os cornos são uma das características peculiares deste ungulado, lançados na vertical e encurvados para trás nas extremidades em forma de gancho. A pelagem de Verão é de tons castanho-claro, assumindo uma coloração mais escura e densa durante o Inverno. As pegadas têm cerca de 6x3,5 cm, com cascos bem separados, no entanto paralelos.
Em relação ao comportamento, apresenta actividade essencialmente diurna. A sua dieta inclui gramíneas, vegetação herbácea e rebentos de árvores. As fêmeas e os juvenis agregam-se em manadas até cerca de 100 indivíduos. Os machos são solitários, juntando-se às fêmeas na época do cio, durante o qual realizam uma série de marcações territoriais odoríferas e exibições com os pêlos eriçados da lista dorsal. A vocalização faz-se sob a forma de um bramido de alerta sibilante.
O acasalamento realiza-se em meados de Novembro, início de Dezembro. Os nascimentos ocorrem em Maio início de Junho, havendo normalmente uma cria por ninhada (ocasionalmente 2).
A longevidade atinge os 15-17 anos, sendo as principais causas de morte as avalanches, epidemias (cerato-conjuntivite) e a predação pelo lobo e pela águia-real (crias).
A camurça Ibérica pertence à sub-espécie Rupicapra rupicapra pyrenaica, registando-se ainda outras populações europeias importantes, nomeadamente nos Alpes, Apeninos e Tatra.
Termino este texto com algumas fotos de camurças que fui recolhendo ao longo de muitos anos de caminhadas, muitas delas seguidas de perto pelo olhar curioso, mas sempre vigilante, deste fantástico ungulado!


PARQUE NATURAL DA PEÑA UBIÑA-LA MESA

PARQUE NATURAL DE SOMIEDO

PARQUE NATURAL DE SOMIEDO

PARQUE NATURAL DE LAS FUENTES DEL NARCEA E IBIAS

PARQUE NACIONAL DOS PICOS DA EUROPA (M. OCIDENTAL)

PARQIE NACIONAL DOS PICOS DA EUROPA (M. OCIDENTAL)

PARQUE NACIONAL DOS PICOS DA EUROPA (M. CENTRAL)